O reajuste esperado de pelo menos 7% no preço da gasolina vai representar uma alta incomum para a maior parte das cidades paranaenses. Nos últimos doze meses, somente Curitiba teve uma variação parecida: abastecer ficou 6,3% mais caro na capital de acordo com o levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Nas demais cidades do estado, o preço do combustível se manteve estável ou cresceu abaixo da inflação. Em Londrina, que teve a segunda maior alta, a gasolina ficou 4% mais cara em 2012. Em Maringá, o preço na bomba caiu -0,5% na comparação com janeiro do ano passado. Na média do estado, o aumento foi de apenas 3,6%.
Anúncio – O governo federal não confirma, mas os empresários do setor temem que a alta seja anunciada para a próxima semana. O anúncio do reajuste normalmente é feito sem alarde, para que não exista risco de antecipação da compra. Na semana passada, o secretário de acompanhamento do Ministério da Fazenda, Antônio Henrique Silveira, afirmou que não havia nada definido e que o preço dificilmente oscilaria até fevereiro.
O temor é de que os novos preços entrem em vigor às vésperas do feriado de carnaval, quando há movimento mais intenso nos postos. A última alta expressiva de preços em Curitiba aconteceu dias antes do feriado de finados, gerando protestos entre consumidores.
Alerta – Outro risco é que o aumento seja antecipado ou ampliado pelos postos. Apesar da alta da Petrobrás estar estimada em 7%, alguns empresários admitem que o combustível possa ficar até 15% mais caro para o consumidor. “Não há nada confirmado ainda, mas os estabelecimentos se aproveitam do momento para antecipar o aumento, mesmo que seu estoque tenha sido adquirido no valor antigo”, afirma o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Sandro Silva. Mesmo sem qualquer confirmação oficial, os postos pelo Paraná esboçam a possibilidade de reajuste nos próximos dias. No litoral, os consumidores já são alertados que o aumento deve chegar antes do carnaval e o preço do combustível pode chegar à R$ 3,10.
Demanda – Os donos de postos de Ponta Grossa já estão preparados para uma corrida às bombas. Gerente de um posto às margens da PR-151, Moisés Schmidt justifica que não há alteração de preço há dois meses. “Já estamos mantendo o estoque alto, porque o reajuste pode vir a qualquer momento”, afirma. Com o argumento de margens apertadas, o reajuste será repassado na íntegra. “Sabemos que deverá haver um reajuste e que isso terá de ser repassado ao consumidor, mas ainda não sabemos quando”, afirma Rubens Ribeiro, gerente de um posto no centro da cidade.
Margem de lucro cresceu – A diferença do valor de compra e de venda nos postos paranaenses aumentou 16,4% desde janeiro do ano passado. A margem de lucro embutida pulou dos R$ 0,340 por litro de gasolina em 2012 para R$ 0,396 por litro do produto neste mês. O aumento foi puxado fortemente pela oscilação do preço do combustível em Curitiba. A margem na capital cresceu 38%. Cascavel, no Oeste do estado, apresentou forte alta de 20,8%. Nos postos de Foz do Iguaçu e Maringá, por outro lado, a margem de lucro caiu 11,4% e 10,5%, respectivamente, de acordo com a pesquisa semanal de preços da Agência Nacional de Petróleo.
Etanol volta a ser opção – Depois de meses praticamente em desuso, o etanol voltou a ser uma boa opção para quem tem carro flex. Após a ligeira queda de preço em 2012, o valor do litro do combustível voltou a custar cerca de 70% do litro da gasolina, proporção em que, normalmente, o etanol passa a ser mais econômico para quem pode escolher qual combustível usar. No entanto, o cálculo deve ser feito caso a caso e considerando as previsões de recuperação de preços. “Foram meses em que era muito raro ver alguém abastecer, mas com a entressafra, os preços podem aumentar ligeiramente. Os estoques de etanol estão escassos”, afirma Rolando Gasperin, proprietário de posto no Sítio Cercado, em Curitiba. (Gazeta do Povo online)
