Último trimestre é boa época para investir na conquista de uma nova vaga no próximo ano. Mas há setores que contratam desde já.
Se você está pensando em mudar de emprego e tem dúvidas se este é o melhor momento, fique atento ao que dizem os especialistas. Na avaliação da consultora de recursos humanos da Catho Online, Daniella Correa, o último trimestre é usado pelas empresas para programar o próximo ano. “Muitas organizações estão dando a largada para um novo ciclo corporativo, com novos orçamentos, aprovação de contratações e investimentos. Este pode ser um bom momento para os candidatos saírem na frente dos demais.” Ou seja, é melhor já começar a se preparar para 2012.
Daniella lembra, porém, que no fim do ano, por conta das compras de Natal, o comércio abre um número considerável de vagas, efetivas e temporárias e, portanto, trata-se de um ótimo momento para profissionais que atuam neste ramo (leia abaixo).
A vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Elaine Saad, lembra que as áreas de turismo e entretenimento também ficam aquecidas neste período. No entanto, Elaine pondera: “Antes de pensar em mudar de emprego, o profissional deve avaliar a carreira, entender a razão pela qual pretende sair e fazer uma análise deses motivos. Se for uma decisão impulsiva, é melhor reavaliar.”
Segundo Elaine, o profissional precisa ter razões fortes para querer mudar de emprego. “Com a troca, ele pode adquirir algumas vantagens, mas encontrar outras desvantagens. Sempre vai haver prós e os contras.”
Para Nathália Monaco, a mudança de emprego só teve vantagens. Graduada em educação física, com pós-graduação em educação física adaptada, a profissional de 26 anos que atuava como promotora de vendas comemora o retorno para sua área. “Estou super feliz.” Agora, Nathália atua como gestora de esportes num instituto. “Oferecemos caratê e tae-kwon-do para 325 pessoas portadoras de síndrome de down e deficiência intelectual.”
Avaliação. A consultora da Career Center Marisa da Silva indica os pontos que devem ser avaliados antes de sair da empresa: falta de chances de promoção, caso seja esse o objetivo do profissional; impossibilidade de aumento de responsabilidades horizontais ou verticais; se já chegou ‘ao teto’ da carreira e não tiver para onde ir, além de incompatibilidade com a cultura e valores da empresa ou com as atividades desenvolvidas no momento.
Marisa também cita: impossibilidade de melhoria salarial após negociações feitas com base em resultados apresentados e, por último, incompatibilidade total com o estilo do gestor, após ter tentado se adaptar e melhorar o relacionamento.
O diretor do Instituto Pieron, Marcos Bruno, afirma que as pessoas devem estar sempre avaliando se estão felizes no trabalho, se estão se realizando. “Sob esse aspecto, não existe melhor momento para mudar de emprego, já que é uma demanda interna. Esse desejo vai ser viabilizado em função das oportunidades do mercado de trabalho.”
Segundo Bruno, estão aquecidos segmentos como o de commodities, agroindústria, empresas de engenharia, de tecnologia, de construção, elétrica e eletrônica, e sofrem com a carência de mão de obra especializada.
No entanto, na visão do sócio diretor da Talents Solution, Gerson Correia a crise internacional já apresenta reflexos no mercado de trabalho brasileiro. “Algumas áreas continuam de vento em popa, como a de construção pesada, mas a indústria nacional já dá sinais de que o PIB está diminuindo.” Correia avalia, porém, que se o dólar voltar a subir a economia pode chegar a uma situação de equilíbrio e não criar maiores impactos no mercado de trabalho. “Neste momento, as indústrias sofrem mais do que o comércio, porque precisam competir com os importados, principalmente chineses.”
Para Marisa, no entanto, quem está em busca de novo trabalho deve ter em mente que o mercado é dinâmico e está sempre em movimento, ou seja, pessoas pedem demissão, são promovidas, ou novas empresas iniciam a operação, enquanto algumas aumentam o quadro.
“Este é um bom período para reavaliar a carreira, traçar objetivos, realizar networking e mapear possíveis empresas alvo”, afirma. Quando 2012 começar, quem já estiver em busca terá chances de realizar entrevistas graças às ações realizadas para mapeamento de oportunidades.
A reportagem é de Cris Olivette, de O Estado de S. Paulo