De 2010 para 2011, houve salto de 27% na renda agrícola nacional (de R$ 154,2 bilhões para R$ 195,6 bilhões), principalmente em função da aposta do agronegócio na soja. O dado é da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem, com índices por município. Além da ampliação da arrecadação, a PAM revela que o peso da oleaginosa na renda do campo aumentou, principalmente no Paraná, estado apontado como referência em diversificação de atividades agrícolas. Essa comparação usa os dados acumulados desde a explosão dos preços da commodity, registrada cinco safras atrás.
A importância da soja em grão na arrecadação dos produtores – também um índice da vulnerabilidade do agronegócio ante a commodity – aumentou mais no Paraná do que em Mato Grosso, onde a oleaginosa tem seu maior espaço. Entre 2009 (primeiro ano de expansão depois de a soja ter atingido US$ 10 por bushel) e 2011, a oleaginosa passou de 40,8% para 46,4% da área total colhida pelos agricultores paranaenses (9,82 milhões de hectares, 2011). No Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola, o movimento foi similar. A participação da soja foi de 40,3% para 44,4%.
Renda
R$ 1,9 bilhão é a renda resultante da atividade agrícola no município de Sorriso, no Mato Grosso, considerada atualmente a capital nacional da soja. Sorriso é líder brasileira no ranking do Valor Bruto da Produção.
Quem é quem
Mineiros ultrapassam agricultores paranaenses e gaúchos
Os principais estados agrícolas ampliaram cultivo e renda, mas perderam participação no Valor Bruto da Produção (VBP) de 2010 para 2011, devido a um crescimento generalizado em todas as regiões do país. Primeiro do ranking do VBP, São Paulo caiu de 18,3% (dos R$ 154,2 bilhões) para 17,7% (dos 195,6 bilhões), com valorização da laranja, cana e soja. A mudança inusitada foi o fato de Minas Gerais ter ultrapassado o Paraná. A variação mineira foi de 11,8% para 12,7% do valor nacional, enquanto a contribuição paranaense caiu de 12,9% para 12,4%. Minas, na verdade, estava em quarto lugar, e passou para a segunda posição ultrapassando também o Rio Grande do Sul, que passou de 12,1% para 11%.
Sorriso, capital nacional da soja, localizada ao Norte de Mato Grosso, recuperou a liderança nacional no VBP, com R$ 1,9 bilhão em renda “da porteira para dentro”. São Desidério, na Bahia, caiu para o segundo lugar com R$ 1,7 bilhão. A disputa é acirrada, com ampliação dos VBPs municipais de 105,4% e 59,9%, respectivamente.
Em Mato Grosso, apesar da contínua expansão da oleaginosa, houve também aumento no cultivo de milho (de 1,6 milhão para 1,9 milhão de hectares) e disparo no valor bruto do algodão (de R$ 1,7 bilhão para R$ 3,3 bilhões). Assim, em três anos, a soja perdeu importância em área (de 66,6% para 64,9% do total cultivado) e também no VBP estadual ( de 65,7% para 61,6%), mesmo tendo passado de 5,83 milhões para 6,45 milhões de hectares, mostrou o IBGE.
Carlos Alfredo Guedes, pesquisador do IBGE, analisa que 2011 foi um ano “muito bom” para o agronegócio e cita a soja e o algodão como responsáveis pela expansão de 27,1% no VBP em relação a 2010. “Esse avanço foi possível pelo aquecimento dos preços no mercado internacional.”
A dependência da soja ocorre em todo o Brasil agrícola. Das 68 milhões de hectares que o país cultiva em lavouras temporárias (grãos, cana, verduras) e permanentes (frutas, erva-mate, borracha), 35,6% são referentes às lavouras da oleaginosa, conforme os dados de 2011. Esse índice era 2 pontos menor em 2009, segundo o IBGE. A importância da cultura no Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola teve, nesse período, queda de 1,3 ponto, para 25,7%.
Desde que os preços da soja ultrapassaram US$ 10 por bushel no mercado internacional, em 2007/08, as apostas do agronegócio no cultivo da oleaginosa dispararam. Mato Grosso e Paraná, os maiores produtores de grãos do país, destinam à sojicultura áreas 20% maiores.
Fonte: Gazeta Maringá – Por: JOSÉ ROCHER