Passagens são rodoviárias, de ida e volta de Curitiba, durante o período eleitoral, de acordo com a denúncia.
A Justiça Eleitoral de Campo Mourão, no Centro-Oeste do Paraná, está analisando a denúncia de uma suposta distribuição de passagens rodoviárias com destino a Curitiba e no sentido inverso durante o período eleitoral. Existe a suspeita de que as passagens fariam parte de dois lotes adquiridos pelo município, no valor total de R$ 665 mil. De acordo com informações da própria prefeitura, de julho ao início deste mês, foram empenhados quase R$ 482 mil, o que representa 72,5% do total estimado para o ano.
Oficialmente, essas passagens seriam distribuídas para atendimento de pacientes ou pessoas carentes. Mas a Justiça Eleitoral investiga a suspeita de que os bilhetes foram entregues para familiares de eleitores residentes em Curitiba. Os moradores da capital deveriam se deslocar a Campo Mourão com o compromisso de votar na atual vice-prefeita e candidata eleita, Regina Dubay (PR). A denúncia foi apresentada pela coligação “Fazer Mais, Fazer Melhor”, liderada pelo candidato Tauillo Tezelli (PPS), derrotado nas eleições por 694 votos.
Parentes de eleitores residentes em Curitiba que receberam a passagens entregaram para a reportagem da Gazeta do Povo 11 bilhetes supostamente recebidos durante o período eleitoral. Duas pessoas que não quiseram se identificar disseram que as passagens eram entregues sob a promessa de votos em candidatos da coligação de Regina Dubay.
Os eleitores chegaram a apontar funcionários públicos do município e um candidato a vereador como responsáveis pela distribuição. “Era só chegar neles e falar que tinha uns parentes na capital e que vinham votar aqui. A entrega era realizada no mesmo momento. Ele só pedia que o voto fosse aos candidatos da Regina e nela. Eles davam a passagem de ida e volta.”
Na rodoviária, um funcionário do guichê da empresa Expresso Nordeste – de onde são os bilhete –, confirmou que as passagens apresentadas tinham sido adquiridas por requisição da prefeitura. Mas a administração municipal nega.
Outro lado
A secretária de Saúde, Márcia Tureck, diz que não há possibilidade de que as passagens recebidas pela reportagem tenham sido obtidas por meio de requisições entregues pela prefeitura. “A requisição é liberada após o cadastro do paciente, com informações do Cartão do Sistema Único de Saúde. Não entregamos a passagem em mãos. Enviamos a requisição para empresa e o usuário retira no guichê ao apresentar o RG ou CPF”, disse.
A candidata eleita Regina Dubay disse ter ficado surpresa com a denúncia e negou que houve distribuição de passagens durante sua campanha. “Nós não tivemos condições de dar nada para ninguém. Só distribuímos santinhos. Nossos recursos foram poucos”, afirmou.
Procurada pela reportagem, a empresa Expresso Nordeste não quis se pronunciar sobre o caso.
Fonte: Carlos Ohara, correspondente – Gazeta Maringá