A captação recorde de R$ 70,5 bilhões, em 2012, dos fundos de previdência privada – de longo prazo, portanto – mostra os trabalhadores mais preocupados com a formação de suas reservas financeiras para o futuro. É um bom exemplo para os gestores públicos, que poderiam destinar os recursos do pré-sal para a criação de uma espécie de fundo de previdência social, como na Noruega. Ao destinarem recursos presentes para o consumo futuro, as famílias levam em conta o aumento da longevidade e demonstram alto senso de responsabilidade, que também beneficiará o País.
Entre 2011 e 2012, a captação da previdência privada aberta aumentou 31,5%, porcentual inferior apenas ao de 2003, quando o crescimento foi de 55% em relação a 2002. Mas naquela época a previdência era menor, com provisões de R$ 44 bilhões – ante R$ 325 bilhões, em 2012.
Três fatores determinam a atratividade da previdência privada: a queda dos juros das aplicações; o aumento da renda dos trabalhadores – há mais pessoas em condições de garantir o seu futuro e da sua família; e as vantagens tributárias. Aplicações em PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) podem ser deduzidas no Imposto de Renda até o limite de 12% da renda bruta anual. E aplicações em VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) têm tributação apenas sobre os rendimentos e diferida para o momento do saque. Além disso, podem tornar menos onerosas as despesas em caso de sucessão.
Em países desenvolvidos, a formação de poupança financeira tem longa tradição. Em alguns, como os Estados Unidos, boa parte das aplicações vai para a renda variável, pois há mais disposição de correr riscos e ganhar com o crescimento das empresas.
Mas, segundo o estudo global do banco HSBC sobre o futuro da aposentadoria, as aplicações em previdência não são suficientes para as necessidades dos futuros aposentados. Os brasileiros, por exemplo, esperam viver 23 anos após a aposentadoria, mas terão reservas para apenas 12 anos. Ou seja, conviria poupar mais.
Além disso, até aqui predominaram carteiras de renda fixa, mas desde 2012, com a queda do juro, os gestores buscam instrumentos alternativos (aplicações imobiliárias e papéis do Tesouro entre eles). Em breve, será possível aplicar em projetos de infraestrutura, de longo prazo. Projetos viáveis atenderão à demanda dos fundos e às necessidades de investir mais em infraestrutura.
Os fundos de previdência privada tendem a se expandir, a menos que o ritmo da atividade econômica seja mais lento do que o esperado.
O Estado de S.Paulo