Revista Época: À sombra de um corpo embalsamado. Eleito presidente da Venezuela no limiar do século XXI, ele detectou que havia lugar no mundo – especialmente na América Latina… – Revista IstoÉ: Joaquim, o supremo. Disse que os magistrados brasileiros são tíbios e conservadores, foi ovacionado por plateias em eventos culturais (…) previu prazos para colocar mensaleiros na cadeia… – Revista Carta Capital: O exemplo francês; O futebol pode mover o coração dos brasileiros, mas dificilmente conseguirá movimentar sozinho as finanças das arenas construídas para a Copa de 2014… – Revista Veja: Chávez a Herança sombria, Populismo, comunismo, autoritarismo…
Revista Istoé
O xerife do Senado
Homem de confiança do senador José Sarney (PMDB-AP), protegido por sua mulher, dona Marly, Pedro Ricardo era apenas um técnico legislativo com formação em contabilidade. Até que, em 2005, foi promovido ao posto de diretor da Polícia Legislativa da Casa e transformou o broche funcional que carrega na lapela em uma estrela de xerife. Com a função comissionada e acesso irrestrito ao gabinete de Sarney, Pedro Ricardo ganhou superpoderes. Baixou oito atos e portarias ampliando cada vez mais a atuação de seu departamento e equipou seus homens com os mais modernos dispositivos da contraespionagem.
Prática recorrente e conhecida dos funcionários da polícia, ele produz relatos semanais para a presidência do Senado sobre, por exemplo, quem entra e sai dos gabinetes, conduta aceitável em organismos de outra natureza, como o Gabinete de Segurança Institucional, ligado à Presidência da República. Recém-eleito presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) esteve tentado a valer-se dos préstimos do xerifão. Os dois já haviam trabalhado juntos até 2007. Mas, hoje, Renan está mais inclinado a substituí-lo. O parlamentar alagoano, na verdade, teme o poder paralelo criado por Pedro Ricardo no Senado nos últimos anos.
Maldição nos direitos humanos
A Declaração Universal dos Diretos Humanos foi criada em 1948 durante a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas como o ideal comum de respeito, liberdade e dignidade a que todas as pessoas têm direito – independentemente de cor, sexo, religião ou qualquer outra condição. O documento, no entanto, não impediu que a intolerância e o preconceito continuassem a grassar no mundo. Os exemplos de incompreensão e intransigência a diferentes opiniões e comportamentos são fartos, mas deveriam passar bem longe de uma comissão destinada a deliberar sobre os direitos e liberdades básicas. Na última semana, o parlamento brasileiro resolveu agredir este princípio.
Diante de uma confusão tremenda, elegeu na quinta-feira 7 o pastor-deputado Marco Feliciano (PSC-SP) para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Com 40 anos, o pastor da Igreja Assembleia de Deus é conhecido por suas posições preconceituosas em relação a negros e homossexuais, entre outros temas. Ele é defensor, por exemplo, de um projeto de lei que pretende obrigar o Conselho Federal de Psicologia a aceitar como científica o que chama de terapias de reversão da homossexualidade. O parlamentar também cunhou frases como: “Vivemos uma ditadura gay” e “A Aids é o câncer gay”. Para Feliciano, “os africanos são descendentes de um ancestral amaldiçoado por Noé” e essa maldição é que explicaria o “paganismo, o ocultismo, misérias e doenças como ebola” na África.
Qual é o trabalho do ministro?
Na quarta-feira 6, a presidenta Dilma Rousseff recebeu no Palácio do Planalto os líderes das seis principais centrais sindicais do País, após uma marcha que reuniu cerca de 40 mil trabalhadores em Brasília. Mais do que a tentativa de reconciliação entre o governo federal e as entidades, o encontro escancarou a todos os participantes o que no governo e no PDT já se comentava intramuros: o completo isolamento do ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto. Durante a conversa que se estendeu por uma hora e 40 minutos, o ministro nem sequer pediu a palavra. Entrou na reunião mudo e saiu calado. Coube ao secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, mediar o diálogo de Dilma com os sindicalistas. “Foi constrangedor. Ele parecia alheio à discussão das pautas de reivindicações”, contou à ISTOÉ o dirigente de uma das centrais. Esse comportamento apático adotado pelo ministro, nos últimos meses, tem sido alvo de críticas do governo. O Planalto debita na conta de Brizola Neto, por exemplo, a ida da Força Sindical, a segunda maior central do País, para os braços da oposição.
Além da falta de interlocução com lideranças sindicais e com setores do próprio partido, o PDT, problemas na gestão do ministério, como a incapacidade de pôr fim à indústria dos sindicatos – denunciada por ISTOÉ – foram o que levaram Brizola Neto ao descrédito junto a Dilma. Nos bastidores do governo, há quem aposte que Brizola Neto não atravesse a semana no posto de ministro do Trabalho. Tende a ser apeado do cargo nos próximos dias, dando início à reforma ministerial imaginada por Dilma com o objetivo de recompor sua base de apoio de olho nas eleições presidenciais de 2014.
Joaquim, o supremo
No final do ano passado, quando as atividades do Judiciário brasileiro se encerraram, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, brilhava como um ídolo nacional. Ele tinha assumido o cargo dois meses antes e, graças à firmeza com que conduziu o processo do mensalão, passou a ser encarado como um combatente contra a corrupção e os desmandos da política. Voz forte e decisiva para mudar uma história de impunidades. Também não faltaram especulações sobre eventuais apetites eleitorais do ministro, até para a Presidência da República.
Agora, sob constantes e previsíveis holofotes na volta das férias forenses, Joaquim Barbosa tem provocado rebuliços. Num curto espaço de tempo, ele fez declarações e tomou atitudes nada corriqueiras para a tradicional fleuma do judiciário. Disse que os magistrados brasileiros são tíbios e conservadores, foi ovacionado por plateias em eventos culturais, apareceu em colunas sociais com sua nova namorada, previu prazos para colocar mensaleiros na cadeia (com o que desagradou os colegas do STF) e ofendeu jornalistas que tentavam entrevistá-lo. Supremo mesmo, quem pareceu não foi a Corte, mas o ministro.
Revista Época
À sombra de um corpo embalsamado
Uma anedota narrada pelo escritor anglo-americano Christopher Hitchens ajuda a explicar o fenômeno Hugo Chávez. Em 2008, ao lado de um amigo, o ator Sean Penn, Hitchens foi a Caracas visitar o presidente da Venezuela. Durante uma conversa sobre os Estados Unidos, Chávez pôs em dúvida a existência do terrorista Osama bin Laden. Sean Penn objetou: “Mas, presidente, vários vídeos mostram Bin Laden, feitos pelo próprio Bin Laden”. Ao que Chávez respondeu: “Mas você acredita nesses vídeos? Eles são exibidos pela mídia americana. É tudo propaganda”. E emendou: “São como as imagens que mostram o homem na Lua. Lá, você vê a bandeira americana tremulando. Mas existe vento na Lua?”. Todos riram, em dúvida sobre se Chávez falava a sério ou não. Hitchens – colunista de ÉPOCA até sua morte, no fim de 2011 – escreveu na revista americana Vanity Fair, também com uma pitada de ironia, que, em momentos como esse, duvidava da saúde mental de Chávez.
O episódio resume dois dos aspectos essenciais da personalidade do presidente venezuelano. Um deles é o charme, capaz de seduzir artistas e intelectuais de esquerda no mundo inteiro, o ator Sean Penn entre eles. Chávez era um frasista de efeito (leia abaixo), contava histórias engraçadas e sabia adaptar seu registro às diferentes plateias que cortejava. O outro aspecto é a estratégia traçada por Chávez para realizar seu grande objetivo na vida: entrar para a história e erigir-se em mito . Eleito presidente da Venezuela no limiar do século XXI, ele detectou que havia lugar no mundo – especialmente na América Latina – para quem se apresentasse como inimigo número 1 dos Estados Unidos. Durante décadas, Fidel Castro ocupara esse papel. Mas Fidel estava velho, e seu regime em crise, desde que perdera o subsídio da União Soviética. A esquerda latino-americana clamava por um Fidel mais jovem. Chávez – que, como Fidel, já usava uniforme militar – pôs a boina vermelha e, com um discurso sedutor, postou-se diante das câmeras e dos microfones.
Carta Capital
Conforme assinalou CartaCapital há duas semanas, o retorno de Hugo Chávez a Caracas, em 18 de fevereiro, foi seguido de sinais de que, dessa vez, sua recuperação era muito duvidosa. O mais inequívoco foi a divulgação no dia 24, por um jornalista chavista e ex-integrante de seu governo, de pesquisas sobre uma possível disputa eleitoral entre o líder oposicionista Henrique Capriles e Maduro. Àquela altura, o vice garantia ter mantido na véspera uma reunião de trabalho de cinco horas com Chávez e alguns ministros e uma enfermeira declarara que o comandante entrara caminhando no hospital, “valoroso e voluptuoso como sempre”.
O exemplo francês
O futebol pode mover o coração dos brasileiros, mas dificilmente conseguirá movimentar sozinho as finanças das arenas construídas para a Copa de 2014. A experiência francesa, que recebeu a Copa de 1998 e se prepara para sediar a Eurocopa de 2016, mostra que mesmo em cidades onde o esporte tem grande apelo ao público, é um desafio promover jogos em estádios sem clube residente ou garantir retorno do alto investimento apenas com a bilheteria dos jogos de um time. Tampouco há receita certa de fontes de renda alternativas, o que levanta dúvidas sobre a afirmação dos organizadores brasileiros da Copa de que em cidades sem espectadores para lotar arenas de 40 mil lugares seria suficiente realizar shows e eventos corporativos.
França. Inaugurado em agosto de 2012, o Grand Stade de Lille Métropole (acima) tem clube residente, mas aposta no potencial para grandes espetáculos musicais. Construído para a Copa de 1998, o Stade de France recebeu apenas cinco partidas de futebol no ano passado. Fotos: Philippe Huguen/AFP e Fred Aguilhon
Na França, o Stade de France, construído para a Copa de 1998 com um investimento de 364 milhões de euros, recebe poucos jogos de futebol e se mantém com a bilheteria do rúgbi e de shows. Principal aposta do país para a Eurocopa de 2016, o Grand Stade de Lille Métropole, no norte da França, foi erguido para ser a maior sala de espetáculos da Europa, com truques de engenharia que fecham completamente a sua cobertura e deslocam o gramado para a instalação de um palco de teatro. Também é o estádio do Lille Olympique Sporting Club (Losc), time de futebol da cidade. Mesmo com a busca de rendas alternativas ao futebol, o governo francês tem optado por contratos de Parceria Público-Privadas (PPP), que garantem aportes públicos e compensação ao investidor em caso de prejuízo.
“A questão sobre a viabilidade econômica dos estádios exigidos para os grandes eventos esportivos é a mesma em todo o mundo, pois demandam muito dinheiro. Apenas com o tempo é que vamos ver se o modelo de PPP foi melhor ou mais oneroso para os contribuintes”, diz a ministra de Esportes da França, Valérie Fourneyron. A França gastou o equivalente a 5 bilhões de reais em dez estádios para a Copa de 1998 e investirá outros 1,7 bilhão de euros (quase 6 bilhões de reais) em dez arenas para a Eurocopa de 2016. No Brasil, a construção e a reforma de 12 estádios para 2014 custarão 6 bilhões de reais.
Revista Veja
Chávez a Herança sombria
Populismo, comunismo, autoritarismo…
Se em vida o caudilho venezuelano Hugo Chávez se insipirou nas ideias mais nefastas da esquerda, o anúncio de que será mumificado o põe no mesmo rol de Lenin, Stalin e Mao Tsé-tung. VEJA desta semana disseca a sua herança.
A herança maldita de Hugo Chávez para a América Latina. O farol ideológico do PT se apagou
Brasil
Governo:
O hiperministério da presidente Dilma. O inchaço do ministério
Consumo:
Como melhorar a péssima qualidade da carne no Brasil
Petróleo:
Os estados produtores perdem a batalha pelos royalties
Fonte: Congressoemfoco com Equipe Fenatracoop
Edição: Equipe Fenatracoop