Informação está em relatório elaborado pelos deputados da comissão, que visitou hospitais em todo o estado. Relatório será publicado no fim do mês.
O relatório final da CPI dos Leitos será entregue somente no próximo dia 26, mas os deputados membros da comissão já divulgaram informações parciais das investigações realizadas em hospitais de todo o Paraná. Segundo eles, não faltam leitos nem recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) para que o atendimento seja mais eficiente e melhor. São a desorganização do sistema e as falhas no funcionamento das centrais de leitos os principais problemas da saúde no Estado.
O presidente da CPI, deputado Leonaldo Paranhos (PSC), disse, em entrevista ao JL, que o caso de Londrina é ainda mais grave, por conta das denúncias de corrupção e desvios de dinheiro na área da saúde. “O que faltam são leitos de UTI. Leitos para cirurgias eletivas não faltam”, afirmou.
Em maio deste ano, alguns deputados estiveram em Londrina e visitaram o Hospital Universitário (HU), onde encontraram pacientes pelos corredores e o pronto-socorro superlotado. Também foram até o Hospital da Zona Sul. Lá, mais de 30 leitos não estavam sendo usados por conta de problemas em um gerador de energia. Na ocasião, representantes do Conselho Municipal de Saúde, Central de Leitos e 17ª Regional de Saúde também foram ouvidos pela comissão.
Paranhos informou que os deputados vão propor a assinatura de um pacto na área da saúde, unindo a estrutura dos municípios com a do Estado. O acordo vai definir o papel que cada um precisa desempenhar para que o setor funcione bem. “Vamos definir uma estrutura de atendimento, para que o paciente com febre não chegue ao HU, e sim a uma UBS, por exemplo”, explicou.
Sobre a falta de recursos humanos nos hospitais, o presidente da CPI dos Leitos disse que esse problema ocorre principalmente em hospitais públicos e universitários. “Mas você vê que existe um número grande de funcionários em setores onde não há tanta necessidade”, apontou. Para ele, o que falta é organização e a figura de um gestor, que administre o hospital. “Precisa cobrar humanização, resultado e rapidez no atendimento”.
Central de Leitos Online
O deputado informou que a proposta da CPI é para que o Estado crie uma central de leitos online. Segundo ele, o Paraná conta hoje com apenas cinco centrais para gerenciar 21 mil leitos SUS. “O governo dos pediu 100 dias para implantar a central online”. Para ele, o novo sistema vai dar mais dinamismo, transparência, permitir maior controle e evitar fraudes de internamento.
Na opinião do secretário municipal interino de Saúde, Márcio Nishida, dizer que o número atual de leitos é suficiente é um pouco precipitado. “Em alguns centros existe superlotação”, apontou. A situação mais grave em Londrina, segundo ele, é para cirurgias de alta complexidade. Nishida lembrou ainda que, mais que leitos de alta complexidade, a atenção primária precisa funcionar bem.
O secretário informou que Londrina trabalha com duas centrais de leitos, uma municipal e outra regional. O trabalho é conjunto. “Temos boa capacitação e boa equipe [nas centrais]. O problema é que temos número reduzido de leitos”. Segundo Nishida, a maior fila de espera para cirurgia eletiva em Londrina é na área de ortopedia. Ele afirmou que a regulação dos leitos é feita com verificação pessoal dos funcionários da central nos hospitais.
A reportagem tentou contato com a chefe da 17ª Regional de Saúde, Djamedes Garrido, mas foi informada de que ela está em viagem para Curitiba. O JL também entrou em contato com os superintendentes da Santa Casa de Londrina e do Hospital Universitário, mas eles preferiram não se manifestar até que o relatório final da CPI seja entregue.
A reportagem é da Amanda de Santa – Jornal de Londrina