Segundo dados do Sebrae, o número de empresas desenvolvedoras de software no Município cresceu 81% desde 2008, superando os índices estadual (46%) e nacional (42%).
Nos últimos cinco anos, Maringá vem se tornando um importante polo de Tecnologia da Informação (TI). O número de empresas desenvolvedoras de software no Município cresceu 81% desde 2008, superando os índices estadual (46%) e nacional (42%). É o que aponta o Panorama do Setor de Software do Paraná, pesquisa feita anualmente pelo Sebrae.
O estudo também revelou que as empresas ligadas ao Arranjo Produtivo Local (APL) de Software de Maringá tiveram aumento de 134% no número de funcionários, quantidade muito maior do que o registrado no país (46%) e no estado (75%) no mesmo período.
Para o diretor adjunto da Associação das Empresas Brasileiras da Tecnologia da Informação (Assespro), Freud Oliveira, o crescimento do setor em Maringá se deve principalmente à grande comunidade acadêmica (atualmente estimada em 40 mil professores e estudantes), à localização estratégica do município e ao espírito associativista das empresas. “Maringá possui singular capacidade de resposta através de sua sociedade organizada, que dá origem a um ecossistema institucional capaz de grandes mobilizações em favor dos projetos de interesse da região”, explicou.
O presidente da Software by Maringá – empresa que coordena a APL do setor no Município – Sandro Molés da Silva, salienta que os altos índices de desenvolvimento só foram atingidos após a aplicação de modelo de organização em APL, em 2007. Para ele, a cooperação entre os empresários permitiu que o setor ganhasse maior apoio logístico e financeiro. “O ambiente maringaense ligado ao associativismo faz tudo dar certo aqui”, ressaltou.
Atualmente, a APL de software reúne cerca de 50 associados, gerando mais de 1,5 mil empregos diretos e outros 3 mil indiretos. Em média, as empresas maringaenses do setor de TI tem um crescimento anual de 20% a 30% do faturamento. No entanto, alguns estabelecimentos têm obtido um aumento que supera os 100%. Há também empresas criando unidades em outros estados e até mesmo fora do país, como a DB1 Informática, que no ano passado iniciou a operação de sua filial na Índia.
Atração de investimento
Para Freud Oliveira, o amadurecimento do mercado local também envolve a capacidade que a cidade possui para atração de investimentos de grande vulto, “Isto certamente modificará o patamar de negócios hoje transacionados no setor”, explicou. Aos poucos, o polo maringaense vem atraindo cada vez mais atenção de grandes empresas.
É o caso da companhia IBM, gigante multinacional de TI que este ano inaugurou uma estrutura de atendimento em Maringá, a terceira praça do gênero no estado desde o ano passado.
A ação vem gerando frutos. Uma das parceiras da IBM no município é a AMM Paraná, que ampliou sua estrutura de negócios nos últimos meses, inaugurando um novo escritório em Maringá. No mercado paranaense desde 2005, disponibilizando serviços de tecnologia nas áreas de planejamento estratégico, a empresa mais que dobrou de tamanho em 2011, alcançando um crescimento de 120%. Para este ano, a previsão é manter um crescimento de 80%, devido ao amadurecimento do mercado de TI da região de Maringá.
“No ano passado implementamos 28 projetos, o que contribuiu para os números expressivos de 2011, e fez com que a AMM Paraná fosse a empresa mais premiada pela IBM na região Sul”,afirmou o diretor comercial da empresa, Andre Góes.
Mão de obra é o desafio
O rápido crescimento do setor de produção de softwares está esbarrando na falta de mão de obra. “Um projeto de software precisa de cinco, seis pessoas pelo menos. O consumo de profissionais pelas empresas do setor é violento”, explicou o presidente da Software by Maringá , Sandro Molés da Silva.
O problema foi discutido na semana passada em Maringá, durante o 15º Encontro de Líderes de Arranjos Produtivos Locais (APL) de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) do Paraná.
Na ocasião, o presidente da Associação das Empresas Brasileiras da Tecnologia da Informação (Assespro) no estado, Sérgio Yamada, informou que o setor tem uma demanda de 70 mil vagas em todo o país. “No Paraná, há cerca de 1,8 mil vagas só para a área técnica. Os números são preocupantes e a ideia é promover uma atuação conjunta no Estado para capacitar e motivar a inclusão e a permanência de profissionais no setor”, reforçou.
Recente pesquisa feita pela APL de Software de Maringá identificou a abertura de quase cem vagas para a área administrativa e de 150 vagas para a área comercial nos próximos 12 meses. Para atender a demanda, os empresários tem apostado na contratação de profissionais de fora e na capacitação de trabalhadores maringaenses. Nos últimos dois anos, cerca de 400 pessoas foram qualificadas por empresas ligadas à APL.
Além da falta de trabalhadores, outro problema tem sido a ausência de profissionais sem diploma. Cerca de 37% das empresas de TI do Brasil não têm nenhum profissional graduado. “Embora a base possa ser constituída de profissionais de nível técnico, somente no nível superior é possível se obter aumento de qualidade e produtividade para superar a escassez de mão deobra”, comentou Freud Oliveira, que também atua na área de capacitação de profissionais da APL de Maringá.
Faltam mulheres no mercado
Para a consultora do Sebrae, Erica Sanches, a participação feminina no setor de TI poderia ser maior, o que amenizaria a falta de mão de obra. Segundo levantamento do Sebrae, 92% dos empresários do setor de software são homens , com média de idade de 38 anos. “É necessária a entrada de mulheres para quebrar um pouco esse paradigma e conseguir um número de pessoas capacitadas para o crescimento do setor”, declarou.
A reportagem é de Marcus Ayres – Gazeta do Povo/Maringá