A imprensa mostra diariamente mortes, destruição e a fuga de refugiados da guerra na Ucrânia. Estas tragédias estão longe do Brasil, por isto muitos não dão muita importância. Mas não é assim que funciona. Quer conhecer os problemas que nos esperam nos próximos meses?
A pandemia provocou um aumento brutal da inflação pela combinação de falta de alguns produtos (fábricas paradas), ruptura na logística mundial (paralisação de portos e navios) e aumento do consumo (auxílio emergencial).
Renomados economistas previam que este aumento seria passageiro porque os três fatores acima iriam desaparecer. Segundo uma das leis de Murphy (vale a pena ver informações ver no Google): “Não tem nada tão ruim que não possa piorar”.
Com a guerra além da inflação, os preços continuarão altos por um período bem mais longo. Como sempre, os mais afetados são os mais pobres (famílias e países). Os principais impactos nos preços dos alimentos serão:
– Commodities agrícolas: A Rússia e a Ucrânia exportam 30% do trigo, 17% do milho, 32% da cevada e 75% do óleo de girassol, fundamental na culinária de alguns países. É necessário falar do impacto do aumento do trigo no pão nosso de cada dia e nas massas. Para os que não comem cevada, é bom lembrar que ela é matéria-prima básica da cerveja.
– Fertilizantes: A Rússia e a Bielorussia (aliada do vizinho) juntos lideram a produção mundial de fertilizantes. Além dos aumentos de 20 a 54% de alguns tipos de fertilizantes, é quase certa uma falta do produto. A produtividade do cerrado brasileiro simplesmente despencou sem o uso intensivo de fertilizantes.
– Combustível: Na produção agrícola (tratores e colheitadeiras) e no transporte, o óleo diesel representa uma parcela significativa. Antes de alguma solução para a guerra, não temos expectativas de uma redução forte no preço do petróleo.
Se isto não fosse suficiente teremos mais algumas quebras de fornecimento, que impactarão os preços dos alimentos: latas de alumínio, matéria-prima conhecida como eletricidade em forma sólida; garrafas e potes de vidro, que são fundidas e prensadas com gás; alguns tipos de papéis (higiênico e de limpeza).
Para completar, a comida mais cara será servida em pratos de cerâmica ou vidro mais caros, já que são queimados com gás natural ou liquefeito (mais ou menos 20% do custo de produção).
Esqueci algum outro fator?
Por: Ismar Becker
Conselheiro, Mentor, Administração, Harvard, Insead, Indústria e Gestão
Publicado: 10.04.2022 ás 09:00