“Minha avó morreu”. “Tive que levar minha vizinha ao hospital”. “Meu carro pifou e eu não consegui pegar um ônibus a tempo”. Quem nunca ouviu ou deu uma desculpa como estas para justificar a falta no trabalho?
Uma pesquisa feita pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) com 1.190 pessoas no Reino Unido mostrou que um terço dos entrevistados admitiram ter mentido pelo menos uma vez no último ano para faltar ao trabalho.
Apesar de muito comuns, tais “mentirinhas” podem acarretar em advertência, e, se o funcionário persistir em mentir, pode ainda ser demitido por justa causa. O comportamento é avaliado por especialistas como falta de comprometimento, imaturidade e ausência de uma cultura de responsabilidade.
De acordo com a psicóloga Ana Carolina Tasso, não há como generalizar as causas das desculpas esfarrapadas e mentiras desta natureza. “Pode ser por preguiça, insatisfação com o trabalho, medo de pedir para faltar e outros inúmeros motivos”.
Ela acrescenta que, em alguns casos extremos, quando as mentiras são muito frequentes, podem resultar em um distúrbio psicológico. “Nestes casos a pessoa chega a acreditar na própria mentira e necessita de tratamento psicológico”, explica.
As mentiras no trabalho são prejudiciais para a empresa e também para o próprio funcionário. “Na verdade está enganando a si próprio, achando que sai em vantagem por folgar um dia”. A desculpa pode acabar depreciando a imagem do funcionário, considerado muitas vezes como irresponsável.
Demissão
As mentiras em excesso podem levar o funcionário a ficar sem o emprego. Segundo a advogada trabalhista Georgina Fernandes, o empregador pode dar uma advertência ao colaborador que não justificar a falta. “Depois de duas advertências, o patrão pode solicitar uma ação trabalhista para demitir o empregado por justa causa”, explica a advogada.
Então, o empregado pode deixar a empresa sem alguns direitos, como o direito ao saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e aviso prévio.
As faltas só são justificadas com atestado médico e comprovação da gravidade da doença. Se o funcionário não quiser assinar a advertência, o empregador pode solicitar a presença de duas testemunhas para comprovar a atitude do colaborador.
A advogada observa ainda que muitas vezes os empregados tomam essa atitude por falta de consciência do prejuízo que isso pode trazer ou mesmo falta de comprometimento.
Pesquisa
Na pesquisa feita pela empresa PricewaterhouseCoopers (PwC), com 1.190 pessoas no Reino Unido, um terço dos entrevistados admitiram ter mentido pelo menos uma vez no último ano para faltar ao trabalho.
A maioria disse que se sentia entediado ou deprimido (61%). Outros mentiram por terem responsabilidades familiares (21%) e ainda porque achavam que trabalham muito e mereciam um tempo livre (15%).
A pesquisa revelou que o principal argumento para justificar a ausência são doenças. Dores de estômago são as preferidas por serem difíceis de refutar. Doenças na família e até em animais domésticos também são usadas.
Oitenta por cento dos entrevistados que mentiram disseram que começam a preparar a ausência um dia antes, manifestando alguns sintomas no trabalho para dar mais credibilidade.
As mais comuns
- Estou com muita dor de barriga ou dor de cabeça.
- O relógio não despertou e, como eu não dormi bem à noite, não tenho condições de trabalhar.
- Levei minha mãe ao hospital e tive que ficar com ela.
- Meu carro pifou e depois não consegui pegar o ônibus a tempo.
- Tenho que ir ao médico com meu filho ou acompanhar outro familiar próximo.
- Vou tratar de uns documentos com um advogado.
- Fui roubado.
- Tive que socorrer uma pessoa que se sentiu mal na rua.
- Morreu um amigo ou vizinho.
Você já mentiu para faltar ao trabalho?
Fonte: O Diário – Por: Talita Amaral